É amanhã que chega a minha velhota querida, para as suas primeiras férias sozinha com a filhota, porque assim o entendeu, porque finalmente teve a coragem de dizer ao velhote "eu vou, tu ficas!" (não tão directamente por estas palavras, mas com este firme significado).
Serão quinze dias a partilhar do nosso espaço, sem - aparentemente - nada saber de n@s, para além da grande amizade que temos.
Mas como toda a gente diz: - As mães sabem sempre!
Estamos ansiosas e sem saber bem como reagiremos!
Entre a vontade extrema de sair do armário e o receio das possíveis consequências, veremos o que se propicia...
Os dias passados na ilha, após 2 anos de ausência, serviram para confirmar o que eu já sabia sem o querer reconhecer...
Sentada a contemplar esta paisagem que fez parte de tantos dos meus dias, dos nossos dias, onde tanto pensei, onde tanto falámos...
Sozinha, em contemplação, tive um flash de tudo o que vivi na ilha e fui confrontada com a realidade... e então chorei...
Libertei a saudade, o saudosismo dos dias que já não voltam, a percepção de que aquele já não é o meu lugar, que os amigos continuarão a sê-lo apesar da distância, que de facto o lugar é muito pequeno para n@s.
Foi por não querer mais ter que me esconder, por não querer ter de dar mil e uma voltas para não me cruzar com algumas pessoas e por me recusar a não conseguir estar sempre de cabeça erguida para "não ferir susceptibilidades", que seguimos o nosso caminho e doeu muito ter de me confrontar com tudo isto de novo.
Alguns amigos, que nos querem por perto, disseram que se tivessemos ficado, assumido e confrontado, as pessoas já teriam esquecido e já lhes seria indiferente. Talvez, mas naquela altura, especialmente por motivos familiares, foi a decisão que tomámos e continuamos a considerá-la acertada.
Aqui, na ilha maior, somos felizes e, por agora, este é o nosso lugar!
Se bem que este não foi o melhor por do sol de sempre, foi bastante bom, pela companhia, pela caminhada, porque o jantar tinha sido excelente, pela conversa e, especialmente, pela amizade!
...e amanhã volto ao lugar onde tudo começou para n@s...
...não posso deixar de sentir felicidade pelo reencontro das pessoas, dos lugares, dos nossos cantinhos...
...não posso deixar de sentir tristeza pelos mesmos motivos...
Lá estão algumas pessoas que contam, mas também estão as outras, as que vão olhar de lado, as que vão falar nas costas, as que vão ser falsas e aquelas que terei que evitar...
Porque não consigo ser indiferente a isso?
Porque será que não me bastará a alegria de saber que amanhã já vou para o mar, que irei pescar, conversar muito com quem n@s quer bem e comer e beber demais?
Depois de várias caminhadas e de todo o roteiro turístico cumprido...
...depois de bastante comida, bebida e conversa...
... e depois de imensos "rolos" de fotografia gastos...
... o mano caçula voltou para a"mainland" deixando-me por cá com um aperto no coração por estar longe deles, mas também feliz por saberem e compreenderem que é aqui que n@s estamos bem.
...parece que foi ontem, mas já lá vão 12 anos que nos conhecemos!
Desde logo percebemos que havia algo de especial, mas só conseguimos dar nome aos sentimentos (pelo menos eu, que sou uma retardada!) quase 7 anos depois!
Entre as tuas certezas e as minhas dúvidas, fico feliz por teres insistido, por me teres dado espaço para eu amadurecer, e especialmente por me teres aceite quando finalmente percebi que não conseguia estar sem ti.
Desde então passaram estes 4 anos cheios de n@s, em que tudo temos partilhado, em que temos crescido na relação, em que tudo parece mais simples e melhor por estarmos juntas.